Do avesso, um verso se ajeita ...




terça-feira, 22 de novembro de 2011

Abismo da tentação

Desperte. Jogue-se. Entregue-se. Permita-se ser um ser seduzido, reduzido a mais um simplório objeto de desejo de alguém. Vire-se do avesso. Recomponha-se. Mergulhe de cabeça naquele lago dos seus profundos desejos, suprimidos pelo medo de ser alguém que você sabe que é, e que ninguém mais tem o direito, e se quer o prazer, de ser. Seja um ser que pensa alto, que grita para aqueles que quiserem ouvir (e que estiverem sem fones de ouvido). E por acaso, já que vem ao caso, ouça música no volume máximo, numa contínua explosão de sabores e notas musicais. Status: "com fone de ouvido, vivendo sem ouvir os problemas que o mundo tem um belo prazer em me dar". Deixe-se cair na tentação que você vem se equilibrando para não cair. E caia com gosto, numa suculenta queda permantente, deliciando-se com cada metro do abismo que passa. Respire o ar e sinta seu corpo agradecer por ter deixado os medos e receios para trás. Respeite-se. Seja o que o medo diz para você não ser. Caia e ria de si mesmo, e depois ria dos outros caindo ainda mais feio do que você. Sim, somos educados para respeitar os outros, mas rir é o melhor remédio e não vai machucar mais do que a própria queda. Faça uma tatuagem. Coma quilos e mais quilos de chocolate. Faça uma lista de coisas pra fazer antes de se formar. Tire um tempo para lembrar do passado, e se quiser, perca-se lá, afinal ele é seu. Brinque se ser criança, sorria para todos. Ame. Não só de coração, mas se entregue de corpo inteiro, atire-se nos braços daquela pessoa. Beije. Contemple. Admire. Fixe os olhos castanhos, e aí, pare. Pare e procure as cores. Sim. Elas se foram. E agora você caiu na melhor tentação de todas: a de um mundo em preto e branco, onde a cor é sinônimo de paixão, delírios, amor sem limites, inscrito nas estrelas, nas constelações, nos livros. E aí, você se libera para ser um ser colorido junto a um outro ser, de mãos dadas, na eterna queda. Sim, deixe-se cair em tentações, mas se tiver a oportunidade, atire-se em direção a elas, sem medo.

Breno Bevilaqua

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O dia em que o Mar me viu .

Estava tudo tão inquieto dentro de mim.
Ansiedade sempre foi o meu forte, e quão forte é. Só em pensar que eu chegaria perto Dele, minhas mãos suavam, meus pés balançavam, meu corpo queria dançar e a alma sorria exageradamente em meus olhos.

Um dia eu o vi. Um dia em uma tela de televisão. Tão pequeno ali dentro.
Tão cheio de vontade de mim, e eu tão cheia de vontade Dele.

Mas nesse dia eu saberia que não era através de tela alguma que eu o viria, era aqui dentro dos meus olhos que Ele caberia a partir daquele dia.
Eu já o imaginava tão meu, que a ansiedade aumentou quando me veio a sensação de que não era mais eu quem o encontraria, mas Ele, pela primeira vez, iria ver-me. Sim, eu o conhecia, mas Ele, a mim, não ...

E veio o sol avisar aos meus olhos que se preparasse. Que Ele estaria me esperando. Que Ele queria meu o abraço.
E eu o levei.

E seu cheiro já inalava. Seu cheiro já vinha antecipando sua espera por mim.
E eu fui!

Antes de colocar os meus pés no chão, eu os sentia dentro dEle.
Que recepção.

Eram ondas e mais ondas, uma inquietação de águas, assim como estavam inquietos os meus desejos, os meus tantos sonhos de conhecê-lo, pois eram muitos, pois eram sonhos de todos os dias.
E eu o vi dentro de mim!

E eu o vi de perto. Tão azul *-----*
EU VI O MAR.

Eu não o toquei ( eu não pude, e isso me fez chorar muito mais), mas eu o vi.
Eu não podia piscar os olhos, não podia perder nenhum momento de euforia infinita em águas e sons.

Quando de repente, sem querer piscar eu pisquei ..
E O MAR ME VIU!!

Eu o senti quando me tocou com vento em gotas d'água, com vento em gotas de felicidade por eu estar perto dEle. Eu sei que sim!
E eu abri meus braços, e Ele coube! Ah, braços (lembra?)

Eu abracei o infinito que Ele é .. sobrou tanto espaço, pois quanto mais eu abria meus braços, mais Ele caberia e aumentava o meu tamanho, no abraço, ah braços!!
Mais eu queria.

Mais Ele me levava.
E eu vivi.

E viva estou.
Deixei meu abraço para buscá-lo logo mais.

Deixei meus sonhos de tocá-lo e poder outra vez respirar isso.
Hoje o infinito me conhece.

Hoje, e todos os hojes que serão no futuro, o infinito que eu sou, ainda que pequena eu pareça, vai me ser infinita no meu imenso existir. Vai me mostrar que o Mar no meu abraço me trouxe o que eu sempre tinha e, ainda assim, eu procurava ...






*Fotos: Nayanna Reis

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Não se apaixone por mim!

E isso é sério!
Sabe aquela velha história de que "se conselho fosse bom, não se dava?", pois bem, eu discordo e afirmo que aceite o meu, é para o seu bem, meu bem!
Se existe uma pessoa absurdamente sem vocação alguma para relacionamentos, aqui lê-se. Prazer, igualmente.

Não sou romântica, não troco perfil de orkut para "namorando", não faço questão de mostrar para o mundo que amo, não ligo toda hora, não pergunto onde você está de meia em meia hora, não dependo de você para ir à qualquer lugar. Não vou arrumadinha para encontro de amigos importantes, não dou presente em dias especiais [para mim, todos os dias o são], não faço o que não quero para agradar.

Eu gosto de outras coisas que, com os relacionamentos que já tive, percebi que é tão ausente nos namoros. Portanto, evite apaixonar-se, pois eu não sei levar um namoro adiante, considerando o que foi citado no parágrafo acima que não vale a pena ser reescrito.

Eu sou passarinho [e foi isso que eu ouvi do meu último "aparente namorado"]. E passarinho como eu, voa muito. Inclusive nos pensamentos.

Ah, outro motivo para que você não queira namorar comigo é que eu vou te matar de vergonha! É, vou sim.

E se você não gosta que eu "suba nas suas costas" em pleno shopping, que eu me lambuze de sorvete e peça para você limpar me beijando e contando piada ao mesmo tempo. Se você não gosta que eu conte todo a história do último livro que eu li ou do último filme que eu assisti e te "obrigue" a assistí-lo comigo mesmo depois de eu tê-lo feito saber o final [tagarelando a história todinha], ou te ligue só pra te contar algo engraçado que eu lembrei, pois bem! Não se apaixone por mim.

Se você não gosta que eu caminhe sempre segurando na sua mão e balançando-a no mesmo ritmo da música que toca no nosso fone de ouvido, no meio da rua, cantando mais alto que o som, desafinadamente feliz. Se você não gosta que eu te acorde com um pulo em cima de suas costas, com os cabelos bagunçados, embolando-me toda no seu lençol e quase lhe sufocando junto. Se você não gosta de fazer bola de chiclete e estourá-la para grudar na "cara lisa". Se você não vai ao circo. Se você não fecha o guarda-chuva quando chove, ou não aponta o dedo para as estrelas com medo de nascerem verrugas, então, meu bem, melhor você nem me conhecer!

Se você não pinta sua cara, não gosta de mulher que veste shortão, não anda de bicicleta na lama, não brinca no parquinho da praça, não "pinta os lábios para escrever a sua boca na minha", não deita na grama em praça pública [quando pode e quando não pode!], não diz poesia no silêncio .. lamento, eu não sirvo pra você!

E ainda se você não tira meleca e faz bolinha, não gosta de beijo no queixo, não prefere abraço à amasso, não admira o sorriso fácil de um menino todo sujo. Se você não sobe em pé de árvore, não tira manga do pé e lambuza a mão, não coça minhas costas .. É melhor eu nem continuar, não é?

É muito difícil para você, eu sei.

Por isso eu o aconselho, antes de você insistir.

Eu leio sim os sms no meu celular, mas não os respondo. É que, como eu disse, eu prefiro bilhetes entregados pelo garçon, ou uma frase boba, que me traga sorriso, escrita em um guardanapo, ao invés de coisas caras que eu nem sei usar, ou buquês. Não que eu não goste de flores, mas eu as prefiro vivas, sabe? A não ser que você queira me dar um jardim.

Então, entenda.

Você entende?

Até porque quem não entende um olhar, tampouco entenderá uma longa explicação.