Do avesso, um verso se ajeita ...




segunda-feira, 11 de maio de 2015

Nós inacabado

Um ponto de interrogação e ... silêncio! 
Vírgulas para querer antecipar o que não há de ser ponto continuativo.
Porquês exclamados, imperados, inconformados com uma afirmação tão intransitiva que não há etecéteras que impliquem conclusões além do fim.
Sem travessões e/ou aspas disfarçadas, muito menos forçadas a dizer o que não traduz. 
Um doce amargo de pretérito imperfeito, confundido com presente inacabado, que tampouco há futuro. 
Verbos no infinitivo.
Pessoas no singular. 
Não somos mais conjugados a ser. Não estamos mais no mesmo grau de intensidade que existe no encanto da leitura um do outro. 
Não há intertextualidade, nem pretexto, ao menos contexto similar.
"há com agá"!
Verbos confusos .. doo, de doer - doo de doar!
Some de sumir - some de somar!
Amor em paradoxo, apatia linear. 
Teima de rima, pobre poesia, sem metrificar, melodia muda, ritmo fora de forma, estribilho comum, eu-lírico feliz. Amor inventado sem culpa!
Melhor acabar. Rascunho sem tempo não passa a limpo. Rascunho incompleto não passa tempo, só perde.
E tempo perdido é livro não lido, não publicado, não lembrado. 
É passado!
e passado, passa. 
É português fal(ec)ido que eu não sei que palavra usar, que eu não sei terminar. 
Como a gente, esse texto é. Cheio de fins e não sabe acabar!

sábado, 8 de março de 2014

Sem 8 de março

Foto: Campanha Dia da Mulher é Todo dia,
pág.: Moça você é Machista/Facebook
Quantos 8 de março deveremos aproveitar para celebrar o dia de ser aquilo que já somos todos os outros dias?


Quantos 8 de março esperaremos para sairmos às ruas e bravarmos nossos merecimentos de respeito e direitos valorizados?

Quantos 8 de março teremos de viver para compreendermos a força que temos juntas?

Eu gostaria de responder: NENHUM!

Se fossemos verdadeiramente valorizadas, respeitadas, reconhecidas e etecéteras não precisaríamos de uma dia específico ou data simbólica em que amanhã, no amanhecer da aurora, tudo volta ao "normal" de dias de estupro, violência, humilhação, desigualdade e injustiça!
Não quero ter 8 de março se não posso caminhar tranquila sem ser assobiada ou assediada com palavras chulas e cantadas sebosas!
Não quero ter 8 de março se não posso usar meu short curto pois ele atrai a minha culpa de ser desejada e estuprada pelos instintos de seres nojentos que se acham no direito de me usar/abusar/denegrir/humilhar .. porque EU fiz por onde!
Não quero ter 8 de março se não posso usar no meu filho uma camiseta rosa ou na minha filha um boné do X-Men [queuamo!] e ser julgada como incetivo à distorção de princípios morais e naturais dos gêneros.
Não quero 8 de março se minha opção em não ter filhos for sufocada por alofones ensurdecedores de que EU TENHO QUE PROCRIAR! Porque faz parte da minha função nesse mundo cão!
Não quero ter 8 de março se sou vista como submissa se minha opção foi simplesmente cuidar da casa, ter filhos e ser feliz assim!
Não quero ter 8 de março se minha maternidade não for bem vista por eu ser solteira e ter querido ser mãe assim.
Não quero ter 8 de março se meu patrão acha que para merecer acréscimos no meu salário não importa a minha habilidade profissional, basta prová-la na cama com ele! 
Não quero ter 8 de março se não tenho direito algum sobre o meu corpo, se não posso ter desejos sexuais, se preciso reprimir meu gozo, meu gemido, meu orgasmo! 
Não quero ter 8 de março se minha maneira de me vestir não agrada padrões ou se minhas celulites afetam a visão de quem assiste bostas manipuladoras! 
Não quero ter 8 de março com rádios barulhentos e composições fétidas sobre minha conduta e comportamento, sobre meu prazer e querer, sobre o meu gingado submetido a ter de aceitar um lepo lepo medíocre! 
Não quero ter 8 de março enquanto as buzinas atrás ou ao lado do meu carro insistirem na certeza do "perigo constante" debochado. 
Não quero ter 8 de março e continuar do jeito que estamos! Não quero ter, nem quero ser .. quero continuar em qualquer dia sendo o que sou. Quero parar de utopias e viver! Deixem-me viver! 
Deixem-me ser!




_Jamý Dantas, em um 8 de março qualquer!

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Eu encontrei o AMOR!

Depois de um tempo, a frieza cotidiana já fazia morada, insistente morada, nas rotinas comuns de meus dias. 
Tanta sobra de não crer, tanto não querer, tanto de mim já faltava, tampouco me importava mais, não queria ter, não pensava em nós, bastava-me, um dia, outro dia, qualquer dia, bastava-me. Amor não era mais, não precisava ser.
Você frio, sem dança, sem música, sem pressa .. você convite! 
E um sim calado, dito em silêncio e em barulhos de gestos, junta nossa vida, faz bagunça compartilhada, tenta arrumar o que não tinha mais jeito, nem levava jeito para lidar. E de um jeito simples que não se descreve em prosa alguma, a melodia em nós fluía e na dança, um ao outro, conduzia, embalos de ternura, moldados em sorrisos que não quiseram mais "se deixar" ..
Vem comigo, me ensina outra vez, vamos teimar, vamos pousar, vamos ousar - aCRÊditar. Vamos é estrada longa, mas que não faz cansar ... 
Eu encontrei o AMOR em cada pé junto que nos leva a algum lugar. Em cada verruga que nasce no dedo que insiste em contar nossas estrelas nada cadentes. Eu encontrei o AMOR descrente, carente, doente, e me ressuscitou! Mesmo assim me ressuscitou, e me ressuscitando foi ressuscitado, porque o AMOR que encontrei vive de nós, e sozinho ele cala. E AMOR calado não dança, não canta, não aflora, não explora, não devora, não melhora - ora!
Eu encontrei o AMOR e quis ficar. Quis por ele querer e quero todos os dias que ele teimar em estar. E que teime sempre, sempre que o hoje nascer, que o hoje amanhecer, que o hoje adormecer e amanhã, um novo hoje, vir a ser!
Eu encontrei o AMOR e vamos nos casar!
:)

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Eu, que não sei falar de amor ...

É tarde agora e eu mal durmo com a vontade do calor ainda perto, a respiração ofegante no calar da madrugada e o encontro dos corpos pra aquecer pouco a pouco o frio atrevido pela janela. 
Logo eu! 
Eu que não sei falar de amor, deparo-me com essa vontade teimosa de dizer tanta coisa e calar com o peito cheio de ternura .. e entregar inteiro pra você!
Eu, que não sei falar de amor, entrego-me ao querer de muito dizer como é bom os dias de nós dois. 
Logo eu, que não sei falar de amor, desnorteio e já não sei para que lado da casa é a melhor saída quando estou só, ela é tão vazia que em qualquer cômodo é perda de mim.
Eu, que não sei falar de amor, ando cheia de querer que você saiba a grandeza que é teu abraço cedinho e o quanto é bom e doce saber que estamos juntos, apesar da ausência estar e ser forte mais tarde, quando o abraço acalmar, quando o dia "morgar", ainda assim ter certeza de que há fortaleza na gente..
Eu, que não sei falar de amor, já não consigo fazer planos de um futuro bom sem que seja nosso. Não há mais eu em mim, depois de você, tenho estado cada dia mais preenchida de nós.
Eu, logo eu, eu que nunca aprendi falar de amor, queria explodir essa vontade de gritar pro mundo como é bom seguir junto, ser mãos dadas, ter cafuné e brincar de eternidade!
Eu, que não sei falar de amor, transbordo-me de vontade de saber dizer tão bem o que sinto, o que quero, o que tenho pra você enquanto me deixar ficar .. espero saber, um dia, poder dizer o tudo que você despertou e coloriu em mim, aqui,  nesse coração de pedra que mais parece de gelo, derretendo cada vez que a gente se aquece. 
Espero sim!
Espero dizer que além de não saber falar de amor, só pode ser isso que tenho semeado e me saciado com você .. Só pode ser coisa de amor, desse amor sagrado, indizível, buscado e bonito que eu não sei nem nunca aprendi a falar ... Só pode ser, mas eu ainda não sei direito, eu ainda não sei falar de amor!

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Tra_ir

Eu não quis! Definitivamente eu não quis que você fosse meu, desse jeito tão intenso, tão entregue, tão completo, tão meu!
Eu não quis e acabei por me trair. 
Eu me trai quando cedi ao seu sorriso e seu convite para sentar mais perto naquela mesa de bar que deixou de ser qualquer mesa, quando a gente se "encostou".
Eu me trai quando deixei a mão tranquila pra você segurar e deu medo de perder a sua sem ao menos tê-la tido por pouco menos que 1 minuto.
Eu me trai quando dancei tão perto e senti seu coração bater perto do meu.
Eu me trai quando beijei seus suspiros ... [suspiro!]
Eu me trai quando não disse não, e meu olhar insistiu em dizer sim ao pedido [in]esperado de namoro.
Eu me trai por ter deixado você entrar no meu quarto, abrir meu guarda-roupa, usar meu hidratante e deitar com o meu travesseiro!
Eu me trai por me despir do medo.
Eu me trai por deixar você conhecer meus centímetros e meus segredos.
Eu me trai no banho demorado que me faz rir de boba lembrando da noite bonita que a gente realizou.
Eu me trai por não ter dado conta do quanto sua eu já sou. Por quanto de nós já existe. Por tudo que não dá pra negar que sinto!
Eu me trai e me traio constantemente. Quando você liga, quando você vem, quando você entra, quando você fica, quando você pede, quando você cede, quando você dorme, quando você ri e, por Deus, como você ri gostoso. E eu me traio por amar isso!
Eu me traio todos os dias com você.
Eu me traio e me deixo trair.
Eu me traio por não ter mais coragem de me perdoar. Eu me traio com você e por você, e eu me traio, muito mais, por nunca ter aprendido a deixar de amar!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A arte de dizer EU TE AMO

Tem gente que fala "eu te amo" na mesma proporção que respira ou que pisca os cílios. Talvez nunca se cansem, talvez... 
Durante muito tempo, apesar dos poucos relacionamentos, sempre achei romântico dizer "eu te amo" a pessoa amada. Na hora da despedida, acompanhada de um "parabéns" pela aprovação no curso que tanto quis, ou no dia do aniversário dele e em todos os etecéteras que pareciam exigir de mim um "eu te amo" absurdamente sem abas! 
As questões é que o tempo passa, a rotina agride, os dias pesam e quem não tem lá maturidade para entender isso cai no velho desgaste que há em alguns namoros sem encanto. E o pior: muito deles segurados pelo mísero "eu te amo" que a gente insite em dizer mesmo sabendo que ele não tem mais qualquer sabor de intensidade. O medo de acabar logo de uma vez com o relacionamento é perder a esérança de que ainda se pensa existir mesmo verdade nesse texto teatral decorado há séculos. Um "eu te amo" causa medo de não ser ouvido mais, mesmo que não cause o mesmo arrepio de antes!
Eis que de hoje em diante não coleciono mais "euteamosnenhum", e tenho dito! Ou melhor, não tenho .. ou .. ah, sei lá!
Quero dizer que estar com uma pessoa que te faça bem, te valorize, te respeite, seja companheiro, parceiro, amante e amigo, ainda que ele não diga "eu te amo" pra você, não quer dizer que ele não te ama.
Convenhamos que existem outras e muitas, arrisco até dizer melhores, formas de se dizer isso, não acham? Vejam como eu acho: estar com ele ao lado, na beira do rio/mar/lagoa e contemplar a lua ao seu lado e ser beijada  com um acompanhado "que bom ter você aqui", é um EU TE AMO!
Ter pesadelo e ser acordada com um abraço no meio da noite e um sussurro que de tão lindo parece mesmo sonho e voz de anjo da guarda dizendo "calma, eu tô bem aqui", é um EU TE AMO de curar!
Ganhar de presente uma poesia  escrita naquele guardanapo "xifrin", mas que fica lindo quando está com a letra dele eternizando na gente o que tá escrito como "você é o que eu gosto de ter", é uma dose perfeita de EU TE AMO!
A despedida no telefone com um suspiro de "mesmo assim continuo com saudade, viu?", é muito EU TE AMO junto!
Estar feliz e sorrir isso, cantar isso, abraçar isso, merecer isso, é um EU TE AMO que não exige qualquer voz. 
De uma coisa [talvez só eu ache] tenho sabido: "eu te amos" ditos assim não nos prendem, pelo contrário, nos libertam para nos entregarmos com toda a vontade de querer mais!