Do avesso, um verso se ajeita ...




terça-feira, 26 de julho de 2011

Não dá!

Por que é tão difícil ser mais fácil?

Seriam as perguntas que não sabem ser pronunciadas como a resposta gostaria, ou sou eu que não sei falar oue deveria?

Existe agora, em mim, a moça tecelã de Marina Colassanti, no entanto diferente na coragem de "destecer" as tristezas e mágoas que ela mesma teceu. Quero puxar a linha e desfazer, mas sem deixar marcas no pano, seria possível?


Esta menina, ainda menina que não cresce nunca, mais uma vez viu que o seu lugar não é aqui. Cresceu, apesar de menina que não cresce, com o anseio insaciável de ir morar no infinito do azul que encobre o céu que a encobre. Mas cometeu a triste [triste?] traquinagem de segurar na mão do menino que tem raiz cravada. Ela achava que era possível, junto com ele, usar suas asas para voarem juntos, mas a raiz desse menino estava e sempre estará presa na sua comodidade e, [seria medo?] no não interesse de conhecer junto com a menina, o seu azul .. aparentemente tão triste por achar-se distante.

Não queria que ele soltasse sua mão. Não era assim. Não tinha de ser .. mas foi!

A menina não conseguiu arrancar do chão quem com ela seria a companhia certa para ir lá em cima.

Que menino bobo. Que menina sem sorte!

Que planos furados ...

Eram dois olhos meus, nele, virando mar, pedindo para que ela trocasse asas por raízes também. Era como se, para ele, o azul infinito do céu que a menina quer ter, antes com ele, não fosse tão importante. Não precisasse dela.

Estou com meus pés cansados .. Estou com marcas n'asa .. Estou desaprendendo a andar de mãos dadas .. Estou ..

Por que, menino? Por que você cresceu assim, mais do que eu e menor do que o seu tamanho de voar?

"Por que a gente nunca sabe de quem vai gostar" e quando gosta não se gosta de ter que gostar assim.

Não tem piada, não tem mais!

Não há música no fone que não a faça chorar!

Não existe outro rumo se não o azul, da menina que não cresce e que quer ousar das asas que tem, que nasceram com ela, sem culpa de ser rara.

Não me peça isso.

Não sopre o vento para a direção contrária.
A menina pode ir junto ..

Pois quem tem asas assim, como as dela, não se prende em solo incolor!

Não dá!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Poeminha



Tem que ser baixinho, de mansinho e com cuidado.

Tem que ter carinho, bem juntinho, lado a lado.

Tem que deitar no colo, pedir consolo, tocar as mãos.

Tem que ser inteiro, de janeiro a janeiro, mais de uma estação.

Tem que pedir calado, ganhar roubado, soprar no ouvido.

Tem que ser singular, ser dos dois um só ar, sem se ter dividido.

Tem que ter cafuné, o segredo qual é? Você sabe fazer.

Tem que estar no sorriso, no meu brilho escondido, que não cansa acender.

Tem que ser poesia, de noite e de dia, e de dia um azul.

Tem que ter pele nossa, com som ou sem bossa, corpo bailando nú.

Tem que rimar sem compasso, sem ter embaraço, sem se conformar.
Tem que ter melodia, errando a grafia, mas plural conjugar.

Tem que ter segredinho, voz de passarinho, som de cata-vento.
Tem que estar na lembrança, esta eterna aliança, este nosso momento.

domingo, 3 de julho de 2011

Só estou triste!

Não! Não me pergunte por que é que eu estou triste, pois você não irá entender .. Nem eu entendo!
Não faço questão de ser entendida também. Estou triste por estar. Por não ser alegre sempre, por ter o direito de estar.
Sim um direito!

Eu tenho o direito de estar triste e estou. E isto está me alegrando agora.

Claro que posso ser alegre estando triste. Não posso é ser triste estando alegre.
Compreende? Então!

Amanheci sem o sorriso de quase todo dia, sem algo que sempre completa o meu café [e não era nada de comer], sem uma pulguinha que me deixa bem. Mas não estou mal, entenda! Só estou triste.

Por um instante eu até gosto dos dias de quando estou triste. Estando triste eu me preocupo bem mais comigo, muito mais do que quando estou alegre. Busco traçar metas diferentes, mais sérias. Não digo que esqueço dos sonhos, não é isso. Mas é que, desta vez, eu sonho com o pé no chão, dá tempo para as asas descansarem de voos, muitas vezes, fracassados.

Estando triste eu não alimento tantas expectativas em algo ou alguém, por isso sofro menos, decepciono-me pouco, quando não me decepciono, já que não esperei nada.

Triste eu falo menos e ouço mais. Mesmo não gostando muito do que ouço. Não gosto que me digam que não posso ficar triste. Quem disse que não posso? Não só posso, como devo!

Triste eu lavo meus olhos. E, chega um tempo em que tanta lágrima dentro da gente sufoca, não é? Por isso as deixo derramarem em mim, elas não mancham minha face, não mesmo. Elas lavam, elas limpam, elas levam .. levam até a tristeza que me deixa triste.

Estou triste hoje. Estou sim. Estou cuidando bem de mim.

Estou me preparando para receber o dia em que eu estiver alegre.

Daí sim .. você pode perguntar o porquê de eu estar tão alegre.

Ora, pois se estou alegre, é porque não estou triste!