Do avesso, um verso se ajeita ...




domingo, 17 de junho de 2012

Disposta a ser oposto!

Sempre chego atrasada, e como sempre, agora já é tarde! Não quero mais que me esperem, aliás, para ser sincera, nunca quis que me esperassem, gosto de chegar e contemplar o que já está acontecendo sem precisar que eu diga já. Não gosto de regras, nem de impô-las. Aliás, sou anti-imposição. Gosto de seres independentes .. eles são tão d[o]ados!
Estou ao contrário. Sendo avesso, o meu melhor lado. 
Enquanto dormem eu tomo banho cantando alto. Se fazem churrasco, eu sento no chão e deixo a água cair e calar o som lá fora. 
Eu durmo quando o mundo acorda. Eu acordo para criança pular enquanto o adulto não aguenta as dores nas pernas e o peso na consciência. Eu não lido com consciência, eu sou consciência, não sei como, mas sei que sim, pois sou de dentro. Contemplo o que os olhos dos outros se acostumaram a ver. É preciso aprender a enxegar. Eles crescem e ficam cegos. Eu nasci com olhos nas mãos, olhos no nariz, olhos que circundam em minhas artérias e fazem-me ver como o coração pulsa quando contemplo o belo! 
Enquanto o varal está cheio de roupas eu me jogo na lama e mergulho, escondendo-me do caos da moralidade condicionada. 
Enquanto abrem os guarda-chuvas eu giro com os cabelos molhados embaixo do ar condicionado que se espreme e molha meus devaneios, que são a minha melhor realidade, pois é nesse momento [que é tão eterno] que sou completa.
Não coleciono borboletas, nem no estômago. Prefiro-as livres, colorindo esse céu que eles sufocam soprando ares cinzas cheios de insensibilidade. Ainda assim, não parecendo, eu sou sensível.
O mundo em guerra e eu bagunço meu apartamento em busca dos meus fones de ouvido! Não, isso não é não me importar. É estar aqui comigo. E não preciso me explicar. Eu não sou explicação para nada. Aliás, sobre nada eu sei muito bem ser. Nada é muito vasto, é infinito, não acaba porque nunca começou. 
Eu me arrependo de coisas que faço, SIM! Eu me arrependo e muito. Mas sei que se pudesse voltar atrás faria tudo outra vez só para me arrepender. Ninguém se arrepende. Eu não sou ninguém. Sou mais. 
Eu risco paredes e guardanapos. Eles limpam vidraças. 
"Eu presto atenção no que eles dizem, mas ele não dizem nada". Chega de atenções de minha parte.
Eu como enquanto o mundo emagrece.
Quando há ventania eu aproveito para soltar pipas. Eles prendem os cabelos e fecham os vidros dos carros.
Eu não sei para onde vou, e eles estão mais perdidos que eu. Espero relâmpagos para entrar no mar, mas eles não me deixam. 
Quero mãos calmas, eles acenam de longe.
Meus celulares não funcionam. Eu durmo quando tenho coragem. E a preguiça me domina. Sou paradoxal demais para uma monotonia de vida besta como essa.
Sou nudez! Enquanto eles calçam botas e vestem casacos sem zíper.
O abismo é um só, mas eu aproveito para voar ... espero que eles não cheguem antes.
[...]
Sobre o que estamos conversando? Ora, sobre qualquer coisa que não é a mesma coisa. 
Sobre o que você quer conversar? Hein?
Sobre livros? Apresente-me os habitantes dele. 
Sobre estrelas? Que noite você prefere? Há uma linda dentro da gente. 
Sobre discos? Música? Posso fechar os olhos agora? Voz? Música não é voz! É silêncio barulhento, que faz batuque bem aqui, sabe? Bem aqui dentro da gente, bem naquilo que a gente é.
Sobre o que quer conversar? Sobre café? É preciso esquentar .. se bem que melhor mesmo é o primeiro, o sabor da primeira vez, ainda muito quente. Podemos fazer outro! Você quer outro?
Não sei ao certo. Mas desconfio de muita coisa que seus olhos querem dizer.
Quer conversar sobre o que? Sobre amor?
Bem ... deixa eu me deitar e encostar a minha cabeça no seu colo.
Sobre isso eu também espero muito com quem conversar. 
Enquanto isso eu só sei falar dele assim. 
Quieta.