Do avesso, um verso se ajeita ...




quarta-feira, 30 de março de 2011

Agora eu sei, né Zezé?



"... Agora sabia mesmo o que era a dor. Dor não era apanhar demais. Não era cortar o pé com caco de vidro e levar pontas na farmácia.

Dor era aquilo, que doía o coração todinho, que a gente tinha que morrer com ela, sem poder contar para ninguém o segredo. Dor que dava desânimo nos braços, na cabeça, até na vontade de virar a cabeça no travesseiro."


- Meu pé de Laranja Lima, pág's 169 - 170 / José Mauro de Vasconcelos -

terça-feira, 29 de março de 2011

Sem voos ..

Talvez você não acredite, apenas ouvindo-me dizer .. Mas foi verdade!
Lembra de ontem, quando a noite fez-se calada, calada de verdade, sem nenhuma estrela cochichando com os amantes a contemplá-las? Pois bem .. foi bem nesta noite. Bem nela que eu acordei de verdade!

Eu ainda estava rolando na cama, como se tivesse adivinhando que isto ia acontecer. Senti uma fraqueza por dentro, como se meu peito estivesse fraco e não conseguisse mais segurar a amargura do meu coração preocupado, e eu não sabia o que era. Ou sabia e não queria acreditar que sabia? Ah, prefiro crer que não sabia. É mais cômodo.

Primeiro a minha janela abriu com a força do vento que balançavam as folhas nos galhos da árvore que me acordava, depois, invadindo meu quarto, ele sacudiu as cortinas que tentam impedir o sol entrar pela manhã, fazendo-me dormir mais um pouquinho. Ele veio tão forte que derrubou-as. Quis levantar-me para fechá-la, mas, acredite, eu estava com medo.

Sim, logo eu que nunca sentira medo algum. Nem mesmo quando a lua desistiu de mim naquela noite de despedida. Nem mesmo ali eu tive medo, nem mesmo!

Mas nesta noite eu senti .. e sentir medo é pior do que tê-lo.

Minha única atitude depois dessa entrada bruta do vento no meu quarto, junto com aquele silêncio medonho da noite que, até as estrelas fez calar, foi eu me cobrir toda, dos pés a cabeça. E fiquei ali, esperando o vento ir embora .. Um dia ele ia ter de ir!

Não chorei, não mesmo.

Senti medo sim, assumo, mas chorar? Ah isso não mais, eu havia prometido desde aquela nossa despedida. Lágrimas nunca mais molhariam minha face, ainda mais por nada. Ou, aparentemente nada!

Pensei em ir para o quarto de mamãe, mas sabia que ela ficar a noite toda falando -"você já está grandinha para sentir medo" "é só o vento" .. Então fiquei ali.

Devagar ele foi .. ficando quieto, ficando fraco, ficando ausente .. e eu também!

Os panos da cortina no chão pararam de dançar e a janela aquietou-se. Nada mais do que a noite lá fora quieta, agora. Descobri o lençol de minha cabeça, também devagar, criei coragem, ou busquei a que eu já tinha, mas que só estava com 'calundú' [como diz mamãe], e levantei-me.

Nesse momento, eu me senti pesada. Era estranho aquele peso em mim, era como se tivesse caído algo sobre meu corpo, meu peito tava sangrando por dentro, sabe? .. e ao mesmo tempo, o vazio. Não aquele vazio por completo, mas uma boa parte de mim que me mantêm cheia de luz. Essa parte que me ilumina era a que estava, em mim, vazia ..

Mas o que acontecera? Que vento foi esse? Que noite é essa? Que vazio, que angústia .. que medo?!

Cheguei à janela e .. sei que você não vai acreditar, eu não quis acreditar também, mas vi e, sim, eu chorei desta vez ..

Lá estava, estava caída, no chão, sem voz, sem voos.

Lá estava só ..

Lá estava anjo ..

Lá estava Eu!

domingo, 27 de março de 2011

Seus versos, minha poesia!


Em um ponto, hei de concordarmos. Foi obra de um Alguém, e este alguém sabemos quem, agiu pra nos encontrarmos!

Deus "armou" por Sua vontade, atou laços, uniu vidas, oportunizou nossa amizade.

No começo receosa, gaguejando em pouca prosa, o nervosismos querendo me atrapalhar, mas de Zélia um "Bom dia" amigo, um sorriso tão querido, fez meu coração se acalmar.

E devagar fui observando .. cada gesto, cada jeito, cada um, cada sujeito que no meu coração ia entrando.

Carla muito curiosa, tem cara de filha, mas jeito e gestos de mãe cuidadosa.

Diêgo, o culto literário! Atencioso até o ponto em que não dorme no horário.

Alexsandra explicativa, atenciosa e preocupada. Quer entender, precisa aprender, mas não fica calada!

Menino bonito com cara de bom moço, assim é João Paulo. Deduz sempre as coisas, viaja nas frases que explicam os casos [rs].

Adriano é meio bravo, diz que falar da nossa vida é fugir do assunto, atirar contrário ao alvo.

Luan é menino, de sorriso faceiro, quer chamar atenção. Téssyo, igualmente, mas depois do aparelho escondeu o sorrisão.

Anne calada no seu canto observa, enquanto amigo Antônio, ativo no assunto, quer explicar as regras.

Tem quem não se intimida, Meidiand querida, nunca fica calada. Exagera nos termos, mas discontrai com sorrisos, está sempre animada.

Lucicleide é quietinha, não diz o que pensa, mas sabe o que quer. Tem orgulho da filha, engrandece a família, é uma grande mulher!

Juliana é uma graça, tem sorriso bonito e cozinha divinamente. Traz bolo gostoso, faz feijão bem cheiroso, enche o "bucho" da gente.

Thiago é quieto, quase sempre calado, e quando está sem óculos o silêncio é dobrado.

Rafael no seu cantinho me olha quase sem piscar. Tem jeito de tímido, mas eu sei que no fundo, dá gosto de conversar.

Petson é mansinho, se esconde na inteligência. É muito esforçado, muito educado, faz valer a discência. Só precisa cultivar (para os cursos que começar, terminar) e ter paciência.

E por último, sendo o primeiro que eu não vou me esquecer: Edson Luís, homem-menino que com bom-humor vai sacundindo o que nos quer enfraquecer.


Muitas vidas, muitos sonhos, muitas asas para voar. Homen e mulheres, guerreiros, marcados por um sistema que insiste em querer mandar.

Mas mandar nos seus sonhos ninguém pode não. Seu sonho é só seu, está dentro de si, é o seu coração!

Façam ele crescer, viver pra valer, vocês sabem, vocês são capazes.


Com vocês eu aprendi, superei, consegui (acredito) mais uma etapa vencer.

Mais uma tarefa cumprida, uma página da vida que me ajuda a crescer!

Os sorrisos eu levo, o abraço eu dou - eu prefiro assim. Espero que mesmo atrapalhada, com jeito de menina levada, cheia de piada, vocês, também, não se esqueçam, NUNCA, de mim!


Obrigada, meus 'meninos e meninas' , pela semana maravilhosa que me proporcionaram!

Sorte e sucesso para vocês!!



*Próclises aceitas, com licença poética :)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Dedilhado calado ...


Sinto saudades de quando você era, para nós, o dedidalho harmonioso do meu violão. A melodia que você tinha, fazia vibrar em euforia cada corda que compunha meu instrumento. Tão dançante e sorridente, cada toque trazia aos meus ouvidos um som de alguma parte do seu corpo que, mesmo afastado de mim, fazia-me sentir ao seu lado, perto de você ..
Devagarzinho eu tocava do mi ao mi, em sequência de dedilhados sincronizados, cantando E, B, G, D, A, E, de agudo ao grave, dá até para ouvir seu nome dentre as letras que formam cada nota.
Ou melhor, deu!
Verbo conjugado no pretérito perfeito. Perfeito? Que perfeição há agora que o meu dedilhado já não consegue mais soar melodias com sonoridades poéticas, não mais como antes? Que perfeito é, agora, meu violão calado? Meus dedos cansados? Sua música silenciosa?
Eu queria tocar-lhe, cada corda, cada nota, ouvir você em todos os momentos que precisasse, cantar com você a música que mais caberia e combinaria com aquele dia, com o seu dia!
Mas você pediu que eu parasse de tocar.
Você disse que não conseguia mais acompanhar o ritmo do meu dedilhado.
Você esqueceu o meu violão!
Você me calou!
As cordas estão desafinadas, quietas, tímidas .. desconfio, até, que receosas em compor novas melodias, ou até mesmo repetir as mesmas que você trazia. Mas não consigo! Meus dedos estão duros. Não se complementam na atividade de sentir corda por corda. Dar voz à elas outra vez. Eu não consigo.
Você faz parte da música. Você é a minha partitura. Você quem maestra o som.
Não permita que esse silêncio nos acostume na solidão a dois. Não deixe, não nos deixe!
É preciso que cantemos. É preciso não deixarmos a música ser esquecida. A melodia ser abafada.
Volte, amor. Volte sorrindo como da primeira vez que me viu tocando meu violão. Venha acompanhar as cifras que nos compõe.
Eu não sei mais viver sem a música que existe quando nós dois somos um.
Eu não sei!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Meu balanço!


Sozinha no meu balanço, danço!
Sozinha seguro a corda, acorda!
Sozinha os pés suspendem, independem!
Sozinha o céu contemplo, templo!
Sozinha no meu repouso, pouso!
Sozinha com o ar formoso, ouço!
Sozinha de olhos fechados, dados!
Sozinha sorrindo tanto, canto!

Sozinha no meu balanço, danço!
Sozinha à tua espera, era!
Sozinha pensando em ti, parti!
Sozinha no mesmo lugar, voar!
Sozinha sem sair daqui, daí!
Sozinha em movimento, tento!
Sozinha em pensamento, sustento!
Sozinha no meu profundo, mundo!

Sozinha, calada, danço .. Sozinha no meu balanço!

terça-feira, 15 de março de 2011

Uma chuva, umas flores!


O céu nesta manhã amanhecera com um rosa diferente. Um rosa cheiroso, sabe?
Antes mesmo de abrir os olhos eu já o sentia, o sentia bem perto. Acredito que, por isso, eu tenha acordado sorrindo.
Espreguicei-me com mais disposição que antes. Queria logo abrir a janela, puxar as cortinas que escurecem o quarto [e que eu não sei, mesmo, para quê elas servem] e ver, lá fora, o que aqui dentro já enchia minh'alma de paz.
E então, lá estava .. tocando o meu jardim: Uma chuva de flores!
Há tempos que não chovia flores no meu jardim, perto da minha janela, vindas do meu céu rosa. Há tempos!
Mamãe dizia que era muito difícil acontecer, chuva de flores, dinovo. Fenômenos assim, só acontecem de séculos em séculos e, segundo mamãe, "olhe lá, viu?"
Mas, nesta manhã, aconteceu! E eu vi, eu a vi, vivi .. Eu a senti, sim_em_ti .. E por uns instantes de epifania, dancei no vento entre as flores que ali, e aqui, caiam. De braços estendidos e abertos eu consegui balançar algumas nuvens azuis para que caíssem mais e mais flores .. e elas sorriam, também dançando em par e pares com o vento, o branquinho, o transparente ar que ofegava dentre a atmosfera do meu ser.

Ah, como eu queria viver nesta chuva de flores por mais "sempres" .. por mais, muitas, vezes! Eu ia dançar infinitamente entre elas, até confundir-me e deixar-me ser, quem sabe, uma delas também!
Abençoados os que abrem a janela em dias de céu rosa e são agraciados com chuva de flores.
Abençoados!!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Ofende!


- Ela é tão livre que um dia será presa.
- Presa por quê?
- Por excesso de liberdade.
- Mas essa liberdade é inocente?
- É. Até mesmo ingênua.
- Então por que a prisão?
- Porque a liberdade ofende.



[Clarice Lispector
]

sexta-feira, 11 de março de 2011

"


"Sempre no mesmo horário eu sento no banco,
abro o jornal e vejo ele passar.
Claro que ele sabe que é amor.
Todo dia é o mesmo jornal. "

[Parafraseando: Tiago F. Moralles]

quarta-feira, 9 de março de 2011

Mulher .. a minha!

Foram poucas as vezes em que a Mulher da minha vida fez-me chorar de verdade ..
Uma destas foi quando eu menti sobre ter deixado o bebê do meu tio em sua casa e disse que havia gente por lá, quando, na verdade, não havia. O bebê derramou todas as garrafas de água da geladeira e quase aconteceria o pior se ela, a Mulher da minha vida, não tivesse chegado na hora. Ela, com uma inacreditável sutileza na bronca, puxou a minha orelha e disse para que eu nunca mais mentisse para ela.
Eu chorei!
Outra vez foi quando eu queria a boneca que, ao apertar sua barriguinha, chorava, mas, como era lançamento no mercado, o preço era altíssimo e tinham mais três crianças, além de mim, que mereciam ganhar presente, também, no natal.
Ela disse que eu ficaria com a boneca mais simples e eu, negando compreendê-la, caí aos berros no corredor da loja, vendo-a ir embora, sem me dar a boneca, sem olhar para mim. Mas eu chorei mais, mesmo, quando pensei que ela teria partido de verdade.
-No próximo choro, eu juro que não volto para te buscar.
Eu calei.
E a última vez, a qual me lembro, de ter chorado de verdade e desta vez com mais lágrimas, foi quando a vi chorar...
A Mulher da minha vida sempre parecia, aos meus olhos, alguém que nunca chorava.
Alguém forte, grande, dura .. mas, ao surpreender-me com lágrimas, eu descobri que ela, que eu, que nós, nos parecíamos muito. Principalmente no choro.
Foram poucas as vezes em que a vi chorar de verdade.
Mas foram as vezes mais doídas e mais inesquecíveis da minha vida.. da vida da minha Mulher.
A primeira vez foi quando ela perdeu sua mãe.
E a perdeu duas vezes.
Na primeira ela chorava agachada no canto da pequena sala, da pequena casa onde morávamos. E eu, na minha inocência de, ainda, querer uma boneca, chorei ao seu lado, também, sentada no chão.
A segunda lágrima pela sua mãe foi derramada em meu ombro, e eu já não precisava mais da boneca..
Outra vez foi quando ela perdeu o seu pai, também duas vezes. Sim, a Mulher da minha vida foi contemplada com mais pais e mães do que nós. Não sei se isso é bom, pois a dor da perda é dobrada, ao certo. Sem contar com os que queriam tê-la como filha.
Com o primeiro pai o adeus foi um choro mais terno, diria sem ironia alguma, que foi um tchau mais conformado. O outro, foi um adeus esperado, um choro antecipado.. mas este seu pai nem foi embora, ao menos, não ainda!
E outra vez foi quando, desta vez, o papai, o meu, a fez chorar, com os joelhos cruzados agarrados pelas mãos em cima de sua cama, aquela que a gente mais gosta de estar. Cama de mamãe e papai é sempre melhor que a nossa. Mas naquela manhã a deles parecia um chão sem fim, para aquela Mulher, que mais me lembrava uma menina no chão de uma loja de brinquedos temendo que a sua mãe não voltasse para buscá-la, mas desta vez a dor dela era bem maior do que a minha. Eu sentia no peso das lágrimas.
E ao invés de sua mãe, foi a mim que ela abraçou procurando amparo e abraço. Desta vez, a Mulher da minha vida, precisava mais de mim, do que eu dela.
Eu chorei mais.
Eu chorei muito.
E chorando, eu prometi, que enquanto a tivesse em meus braços, nunca mais eu permitira que ela chorasse. Queria para mim suas lágrimas, suas dores, seus medos, sim, ela tem medos. Mesmo escondidos em uma face, aparentemente, sem rugas, mas ela tem receios, talvez de mais choros, não sei, mas, ainda assim, medo!
Ela me ensinou e me ensina muito coisa. Uma delas é a de aprender a viver com os meus medos.
Ela me deixa crescer com segurança nas suas mãos, porque ela me mostra que, ainda que saia da loja de brinquedos, ela vai voltar. Ela vai. E eu vou parar de chorar. Vou parar de chorar porque ela vai sorrir para mim.
Ah e como é linda a Mulher da minha vida quando sorri.
Sim é linda, bem mais do que é quando está brava. Quando reclama. Quando diz que está cansada. Quando manda apagar a luz ou abaixar o som da TV.
A Mulher da minha vida é uma menina. É a minha boneca trazida na noite mais estrelada do Natal. É meu cobertor aquecido quando a nuvem insiste em soprar vento frio em meio à gotas fortes de chuva.
A Mulher da minha vida é a fortaleza de papai. A protetora da criança mais nova. A conselheira do rapazinho do meio. A segurança do homem crescido que já é papai, tornando a Mulher da minha vida, vovó.
Ela é a minha casa. Ela dorme e acorda com muitos medos e choros ainda dentro dela. Mas ela não se deixa abater por eles, não mais, não muito.
Ela sabe que eles são fortes, mas meus braços, apesar de pequenos e magros, são mais. São delas. São seus.
A Mulher da minha vida.
Ela quem me oportunizou escrever essas palavras dançantes que, em melodia cheia de doçura, rodopiam a alegria de tê-la escrito.
Ela.
A minha.
A mulher.
Minha.
Mainha!

FELIZ DIA COM MULHERES DA NOSSA VIDA SEMPRE PERTO DE NÓS!

sábado, 5 de março de 2011

Ontem não mais!


Ontem encontrei-me comigo,
cansada do dia turbulento,
lamentando do amor que tinha passado
do brilho apagado,
do beijo calado .. do sonho anulado !
Ontem encontrei-me comigo,
sozinha, calada, despersa.
Falava-me de saudade e ausência sofrida
Silêncios e palavras interrompidas
Planos deixados no intervalo infinito da vida ...
Encontrei-me ontem e me perdi.
Hoje? Hoje sinto minha falta ..
Será que me consigo ver, perceber-me, permitir-me ?
Será que continuo ontem?
Ainda hoje não me vejo!
Vou abrir a janela, deixar o vento de hoje entrar,
esperar minha essência passar por aqui para me cumprimentar..
Quero encontrá-la. Encontrá-la como eu, sendo hoje:
um hoje mais vivo e esperançoso!
Pois sabe-se que o ontem ..
ah o ontem é só passagem!!