Do avesso, um verso se ajeita ...




segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Encontro per_verso



Presente!
E sente.
Quente, faz-me respirar!
Permeio, vagueio, anseio, reencontrar!
Tão só, está. Tão meu, penar. 
Tão mais que horas, vazias, demoras, desejos a sufocar.
Porquês sem findar.
Finais começar.
Soprar ilusões.
Alimento-me pouco, percebo-me muito, faminta de ar.
Os dois. Num só. Solar.
O toque. O cheiro. O pensar.
Despir-se do medo - rompante, sarcástico.
Perder-se em meio aos sonhos - ousados, mordaz.
O mesmo sim.
Inúteis nãos.
Bons, saciados, entregues ao caso, acaso.
Quente, faz-me sufocar!
Perpasso!
Percalço, tortura em parar.
E sente.
E volta. Sem pena, uma pena, penar!
Não mais ser, sequer estar.
Ao bel-prazer.
Findar.
Ausente!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

... menina!

Menina crescida, que bom que seria, se crescida não fosse.
Menina levada, levando topada, bambeia de medo, que antes não tinha.
Menina dos outros, sente saudade de si. Que dói o vazio, que não controla o sentir, e dança sozinha por aí.
Menina de antes, que tudo sonhava, pedia, queria. Menina, cadê?
Menina que escreve e mal fala. Menina perdida, perdida como uma bala. Com pressa e sem ter onde chegar.
Menina quieta, que muito teimava. Que falta te faz.
Menina tão doce, que há? Amarga menina que antes não, tornou-se!
Menina crescida, que bom que seria, se menina sempre fosse.
Menina chorona, feridas sem cura, que agora não sabe assoprar. Que dói muito mais, mesmo sarando. Sarar também dói?
Menina sozinha, sem colo, sem ombro. Onde estão?
Menina, quem era? Por que deixou de ser? Quem fez isso com você?
Menina calada, com água nos olhos, evita chorar. Guarda a tristeza pra quê? Não sabe o porquê.
Menina crescida. Menina de antes. Quanta saudade te enche?
Menina dos olhos, não pisca com medo. Há cisco em todo lugar, mas ainda assim evita entrar, no vento bailar, deixar-se levar! 
Menina, vem cá!
Menina ...

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

"Dos filhos deste solo, és Mãe gentil!"


Fonte: LizandraMartins/Facebook
Que Pátria és tu, Brasil?

Silêncio, calem-se diante de suas indignações, povo sem vez, voz em clamor. Façam silêncio, a Serpente pode acordar!
Entraram aqui, no lar que sempre foi nosso, e nos prenderam do lado oposto dos encontros perfeitos de nasceres e pores de sol. 
Que barulho de injustiça palpita no meu peito. 
Mas é preciso calar. A Serpente pode acordar!
Das árvores frondosas o podar bem mal feito. A terra, nossa terra, que de leve nos sentia, agora é pisada com botas fortes e riscadas pelas grandes armas do poder que nos defende! Defende?
Defender-nos de quê? 
Defender-nos de um espaço que acolhe famílias, casais, casas, violões e margaridas, olhos, sentidos, vestidos, amigos e meninices que se deixam cair nas águas do nosso, NOSSO, tão acolhedor Velho Chico? 
Defender-nos do brilho inexplicável da luz que nasce, ao pé da cruz, e clareia a vida de quem dorme pouco, porque precisa ter tempo para lutar por algo melhor? 
Defender-nos do espetáculo divino que é o até breve ao sol, e ver a lua querer ser bailarina coroada e refletida no rio?
Defender-nos de ter para onde ir, onde ficar, onde deixar-se ir pra qualquer lugar sem sair daqui? 
Defender-nos do que tão bem nos faz?
Não, gritos! Aqui em mim façam silêncio. É preciso! 
A Serpente agora pode acordar!
Que será de mim longe do que me faz bem?
Que será de mim ver o que é meu sendo tomado?
Que será de mim que não tenho se quer o direito de querer?!
Que será de mim que não sei mais nadar... calar?

Uma pausa para a canção de ninar. Ilha bela, do Fogo que aquece nossa alma, ilha calma, ilha tomada. Ilha indignada!
Façam silêncio revolucionários! Digam aos seus filhos que liberdade é viver preso! Ensinem às suas crianças que o natural não nos pertence! 
Calem seus sonhos!
Despertem seus comodismos!
Desapeguem-se do que é belo e não existe!
A Serpente ... a serpente pode acordar !

FotoFonte: Flávio Henrique/facebook
*Às 1:00 desta manhã de 03 de setembro o exército ocupou a Ilha do Fogo, em nossas Juazeiro/Petrolina, proibindo assim, qualquer acesso à ela. A luta não terminou. Mas os olhos não puderam deixar de marejar e demonstrar a tristeza!