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Fonte: LizandraMartins/Facebook |
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Que Pátria és tu, Brasil?
Silêncio, calem-se diante de suas indignações, povo sem vez, voz em clamor. Façam silêncio, a Serpente pode acordar!
Entraram aqui, no lar que sempre foi nosso, e nos prenderam do lado oposto dos encontros perfeitos de nasceres e pores de sol.
Que barulho de injustiça palpita no meu peito.
Mas é preciso calar. A Serpente pode acordar!
Das árvores frondosas o podar bem mal feito. A terra, nossa terra, que de leve nos sentia, agora é pisada com botas fortes e riscadas pelas grandes armas do poder que nos defende! Defende?
Defender-nos de quê?
Defender-nos de um espaço que acolhe famílias, casais, casas, violões e margaridas, olhos, sentidos, vestidos, amigos e meninices que se deixam cair nas águas do nosso, NOSSO, tão acolhedor Velho Chico?
Defender-nos do brilho inexplicável da luz que nasce, ao pé da cruz, e clareia a vida de quem dorme pouco, porque precisa ter tempo para lutar por algo melhor?
Defender-nos do espetáculo divino que é o até breve ao sol, e ver a lua querer ser bailarina coroada e refletida no rio?
Defender-nos de ter para onde ir, onde ficar, onde deixar-se ir pra qualquer lugar sem sair daqui?
Defender-nos do que tão bem nos faz?
Não, gritos! Aqui em mim façam silêncio. É preciso!
A Serpente agora pode acordar!
Que será de mim longe do que me faz bem?
Que será de mim ver o que é meu sendo tomado?
Que será de mim que não tenho se quer o direito de querer?!
Que será de mim que não sei mais nadar... calar?
Uma pausa para a canção de ninar. Ilha bela, do Fogo que aquece nossa alma, ilha calma, ilha tomada. Ilha indignada!
Façam silêncio revolucionários! Digam aos seus filhos que liberdade é viver preso! Ensinem às suas crianças que o natural não nos pertence!
Calem seus sonhos!
Despertem seus comodismos!
Desapeguem-se do que é belo e não existe!
A Serpente ... a serpente pode acordar !
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FotoFonte: Flávio Henrique/facebook |
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*Às 1:00 desta manhã de 03 de setembro o exército ocupou a Ilha do Fogo, em nossas Juazeiro/Petrolina, proibindo assim, qualquer acesso à ela. A luta não terminou. Mas os olhos não puderam deixar de marejar e demonstrar a tristeza!