Do avesso, um verso se ajeita ...




quarta-feira, 15 de setembro de 2010

E quem não quer crescer?



... Ela queria, mesmo, era continuar correndo no meio da rua e rindo com a boca aberta para o vento preencher todo o seu sorriso.
Ela queria, mesmo, era andar descalça na areia fina da praia e beijando com seus dedos os cabelos do mar que vinha convidando-a para ser infinita, como ele.
Ela queria, mesmo, era não ter relógio para não perder tempo, para não marcar hora para o abraço e nem minutos para a chegada, pois a chegada seria constante.
Ela queria, mesmo, era rabiscar o papel sem destino algum para o desenho, só, apenas, fazê-lo existir, fazê-lo ser, fazê-lo ...
Ela queria, ela sempre quis.

Ela teve.

Mas anoiteceu, e ela teve de ir-se deitar, sem saber que amanheceria maior, com sandálias, com relógios, com grampos nos cabelos.
Ela viu os sonhos descendo das estrelas e sendo postos em suas próprias mãos.
Ela viu seus amores saindo da janela de sua alma e criando imagem no lado oposto dos seus olhos.
Ela vê choro, ela vê distância, ela vê saudades, ela não a vê ... Ou, sim, ela se vê, mas de outra forma, com outra roupa, com outra pele, com outros brincos ...
Mas ela queria, mesmo, era continuar sem embalagem, ela queria, mesmo, era continuar, ela ...
Hoje, ela está tornando-se, ela será música, ela será verso, ela será dança . . . Ela será as lembranças felizes de um tempo em que ela era, toda, chamada esperança.
Vou buscá-la, viu?
Vou trazê-la . . Vou abraçá-la em mim e não deixá-la ir!
Vou desprendê-la do lado oposto do espelho, onde a deixei, desde a última vez que nos olhamos de verdade uma para a outra. Pois eu sei que ela vai estar lá, ela vai estar . . Ela não cresce, ela não quer crescer, não quer, não!

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