Do avesso, um verso se ajeita ...




domingo, 27 de fevereiro de 2011

Sabe aquela eu? Sou nuvem!


Você que me conhece bem.
Você já prestou atenção em como é semelhante à mim, o processo que vive a nuvem, desde mansinha até “expulsar” o que você chama de chuva? Sim, pois é!
Sinta comigo...
Ela é sequinha, branda, clarinha ... Você vê fadas, coelhinhos, mãos, face .. você vê!
Mas você não vê as inúmeras gotas de “suor” que são mandados para ela e absorvidos.
Com isso, a, até então, pequena nuvem vai-se enchendo, escurecendo, tornando-se grande ... mas pesada, muito pesada!
As demais nuvens que vivem próximas a ela vivem algo parecido, mas algumas não tanto como esta nuvem, esta que se parece comigo.
Você sabe o que acontece quando esta nuvem, agora pesada, não suporta tantas gotas dentro de si?
Ela tomba.
Ela machuca as outras, as mais próximas, as juntas. E estas outras que são tombadas, gritam. Sim! É o que você chama de trovão. São trovões de gritos e eles são assustadores.
Mas eles cessam. Não é?
Você sabe o acontece quando esses gritos cessam?
Ela se derrama.
Derrama!
Lágrimas? Sim.
Ela devolve todas as gotas que, de uma em uma, formaram sua imensa lágrima de choro .. eu quis dizer chuva!
Conseguiu sentir?
Assim como os gritos de trovões, as gotas de choro também cessam.
Consegue observar como a nuvenzinha fica depois de se despir da imensidão de lágrimas que tinha em seu interior?
Observe!
Eu sei que você vai sorrir como eu, agora. Como a nuvem!

Sim. Eu sou uma nuvem. Talvez esta. Talvez a próxima. Sim, mas sou!
Sou uma nuvem quase estourando com tantas gotas que, agora, por hora, preenchem meu interior.
Eu estou começando a incomodar as nuvens que estão perto de mim, estou começando a tocar nelas o meu lado pesado e escuro. O barulho que elas fazem, ainda, não são ouvidos por você. Mas elas gritam, ainda que baixinho.
Eu continuo recebendo suores. Eu continuo absorvendo-os. Eu continuo enchendo-me.
Estou ficando cada dia mais pesada. Eu estou! E estou com medo. Você está?
Estou me esforçando para não causar trovões, principalmente nestas as quais estou tocando agora. Mesmo sabendo que isso vai acontecer.
Você vai saber quando acontecer.
Você vai!
Serão dias chuvosos. Muito chuvosos.
Mas, assim como aquela nuvem, que sou eu, eles cessarão.
Será que você vai sorrir, vai me sorrir, quando as minhas lágrimas cessarem?
Será que sim?
Aguardaremos a próxima chuva, não é?
Eu sei que você vai pensar em mim!
Por enquanto, sintamos.
Vou esperar você me apontar, sorrindo.
E você vai dizer:
- Olhe, que nuvem tão serena. Ela me lembra ... [continue]

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