Do avesso, um verso se ajeita ...




domingo, 6 de fevereiro de 2011

e se ..



- E se eu sair?
- Não entra mais.
- E se eu entrar?
- Não tem como sair ...
- Mas eu não posso escolher entre dentro e fora se cada um me completa de modo diferente..
- Então escolha o que é melhor para você.

- Mas há melhores para mim dos dois lados, assim como há piores.
Eu não posso escolher entre entrar e sair. Como pode insistir nessa decisão que é quase impossível para mim. Se eu escolher entrar, perderei o caminho que me espera, que me chama, que tanto se preparou para eu segui-lo. Se eu sair, tudo que alcancei vai ficar lá dentro, vou deixar sonhos que ainda estão para serem realizados, roupas não vestidas, conversas não terminadas e palavras ainda não ditas. Que receio a vista daqui de fora, Que saudade dos meus retalhos daqui de dentro.
-Vamos, precisa decidir. Vou-me fechar, não posso ficar aqui para sempre. Aliás, tudo depende de você, de sua escolha. Eu continuarei a mesma, mas você não. E então?
O espaço entre o dentro e o fora estavam ficando curto, obrigando-me a tomar a terrível decisão. Entrar e continuar, ou sair e recomeçar? Lá vejo tantas flores no jardim, um caminho largo, uma nuvem baixa, posso até tocar nela se eu lá for. Cá vejo as minhas fotos, a cadeira de balanço, vejo meu desenho e o meu lápis de cor. Lá fora eles são muitos e eu posso fazer parte deles. Lá dentro eles são poucos, mas todos fazem parte de mim.

Posso arrancar você daí, quebrar a parede e construir o mesmo vão? Assim não existiriam mais dentro e fora.
- Não. E o seu tempo acabou.
E então uma força me puxa para fora, como se comandasse meus movimentos. Mas o vento forte, nossa que vento forte. Sinto frio, preciso pegar meu casaco.
Opa.. A porta fechou!
P
ortas são sempre impacientes ...
Ainda bem que, aqui dentro, ainda me resta uma janela aberta...

Um comentário:

  1. Texto classificado em 3º lugar do concurso Internacional de Literatura.

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