Do avesso, um verso se ajeita ...




segunda-feira, 21 de março de 2011

Dedilhado calado ...


Sinto saudades de quando você era, para nós, o dedidalho harmonioso do meu violão. A melodia que você tinha, fazia vibrar em euforia cada corda que compunha meu instrumento. Tão dançante e sorridente, cada toque trazia aos meus ouvidos um som de alguma parte do seu corpo que, mesmo afastado de mim, fazia-me sentir ao seu lado, perto de você ..
Devagarzinho eu tocava do mi ao mi, em sequência de dedilhados sincronizados, cantando E, B, G, D, A, E, de agudo ao grave, dá até para ouvir seu nome dentre as letras que formam cada nota.
Ou melhor, deu!
Verbo conjugado no pretérito perfeito. Perfeito? Que perfeição há agora que o meu dedilhado já não consegue mais soar melodias com sonoridades poéticas, não mais como antes? Que perfeito é, agora, meu violão calado? Meus dedos cansados? Sua música silenciosa?
Eu queria tocar-lhe, cada corda, cada nota, ouvir você em todos os momentos que precisasse, cantar com você a música que mais caberia e combinaria com aquele dia, com o seu dia!
Mas você pediu que eu parasse de tocar.
Você disse que não conseguia mais acompanhar o ritmo do meu dedilhado.
Você esqueceu o meu violão!
Você me calou!
As cordas estão desafinadas, quietas, tímidas .. desconfio, até, que receosas em compor novas melodias, ou até mesmo repetir as mesmas que você trazia. Mas não consigo! Meus dedos estão duros. Não se complementam na atividade de sentir corda por corda. Dar voz à elas outra vez. Eu não consigo.
Você faz parte da música. Você é a minha partitura. Você quem maestra o som.
Não permita que esse silêncio nos acostume na solidão a dois. Não deixe, não nos deixe!
É preciso que cantemos. É preciso não deixarmos a música ser esquecida. A melodia ser abafada.
Volte, amor. Volte sorrindo como da primeira vez que me viu tocando meu violão. Venha acompanhar as cifras que nos compõe.
Eu não sei mais viver sem a música que existe quando nós dois somos um.
Eu não sei!

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